É bom quando se acena para um passado, quando as únicas coisas que voltam são memórias calmas e inofensivas. Porém, difícil é saber a hora certa de dar tchau e ter força para tal. Imensamente confortável é manter algo que você perdeu por perto, para acalmar, aquecer e tirar a dor de perto.
Doce ilusão essa, doce e viciante. Uma nicotina emocional, que faz refém todo aquele adepto a seguir um passado morto, tão sutil que mal se sente a dor, de ouvir o aviso de que é tudo mentira, que nada disso existe. A mesma que salva, afoga, abre ainda mais o buraco na alma daquele que se apoia em algo, onde não existem rosas, mas só espinhos.
A cada trago, uma dor. A cada dor, um trago.
Já me apoiei, e muito, nessas memórias mortas; em épocas onde o perdão para mim mesmo era impossível. Isso ajudou? Não.
Depois de um tempo me afundando nessas "boas ilusões" que vi o quanto isso acabou comigo.
Hoje? Ainda as vejo, mas não como bóias para não afundar mais, mas como degraus, nos quais eu sempre subo e continuo indo. Mesmo quando sou pego desprevinido, mesmo que doa, não vale a pena.
O único problema do degrau, é acabar descendo, por falta de solidez.
Subindo e descendo.
-Desenho por: Hugo Wilson Barnabé-
Este é o momento onde nos descobrimos inevitavelmente covardes. Este texto apanhou, a calças curtas, o homem em seu estado vulnerável.
ResponderExcluirSó se sente dor quando se mente que está tudo seguro dentro da gente...Subir degraus é em último caso mesmo, quando não se tem mais para onde ir.Permanece ou ir, eis a questão. kkkk
ResponderExcluirMuito bom.
Pois é, é aquela sensação que todos devem conhecer muito bem de invalidez. De não saber de fica ou se vai. Mas o melhor é ir em frente sempre, olhar pra trás só atrasa.
ResponderExcluirGostei do texto,e do desenho...
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