quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Fica velho não, filho. Ficar velho é uma merda."

O texto anterior a esse e o de uma amiga minha ( http://caffeineandcigarrettes.blogspot.com/ ) me lembraram outras coisas, essas que me tiravam do sério quando era pequeno. 
Meu pai, nos dias mais aleatórios possíveis, encontrava com uns amigos dele, de infância, adolescência ou pré casamento, pela rua. Sempre quando eu estava doido pra testar um jogo novo de computador ou algo do gênero. Nos domingos, depois de sair da banca com algum jogo ou revistinha, dava vontade de ir andando pra casa, coisa impossível na época, porque eu mal sabia me localizar na cidade, mas tudo bem. 
Já cheguei a contar duas horas de conversa entre meu pai e mais alguém, no caminho pra casa.
Como eu era egoísta, puta merda.
Imagine você, com seu filho pequeno (ou alguém que se irrite fácil por não chegar em casa logo), e um grande amigo seu de infância aparece na rua. Impossível que você fique menos de meia-hora pra ouvir e contar as coisas que tem acontecido, coisa de no mínimo 10 anos sem se falar. E uma boa conversa nunca acaba.
Já encontrei amigos de menos tempo e passei mais de uma hora conversando.

E as festas? Todas chatas demais, com os pais conversando e bebendo, e você lá comendo qualquer coisinha, entendendo absolutamente nada do que eles estão falando e impressionados com a quantidade de informação, tirando a velocidade de como eles mudavam de assunto. Como riam demais de coisas que não entendíamos nem queríamos saber, de tanto tédio.
E não é exatamente isso que fazemos, em boa parte de nossas saídas e festas? As melhores festas e as melhores noites são aquelas em que as risadas nunca acabam, a não ser em dor e/ou lágrimas, e nas conversas absurdamente boas. Claro que existem as variáveis, mas é por aí.

Certamente muitos de nós ficaremos bem parecidos com nossos pais. Os gostos podem mudar e a forma de criar os filhos, mas é praticamente certo que nossos filhos irão odiar nossas formas de diversão, a "diversão de adulto".  




Só ganhando idade pra entender os velhos. Tanto os erros como os acertos. 
Um "viva" aos velhos legais, como os meus pais.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vinte.


Sabe aquela coisa da infância? Aquela música que tocou naquela longa e chata viagem? A sempre chata e longa música, sem sentido e sem graça?
Até que anos depois, muitos e muitos anos depois você a escuta de novo em um bar qualquer; e o pior, ela faz todo sentido agora. Depois de tudo que já fez e deixou de fazer, ouviu e disse. Nesse exato momento você percebe como a música é linda e como aquele tempo foi maravilhoso.
A viagem, aquela do começo, eu vejo como foi ótima. Bons tempos, boas coisas.
Infância essa posso afirmar letra por letra, foi necessária, toda essa coisa de não gostar das músicas e dos jeitos dos pais; foram necessárias para que agora, anos depois, os jeitos e as músicas façam todo o sentido do mundo. Para que agora eu entenda como certas coisas funcionam e que eu tenha uma noção de como agir e ser.


De uma velha e boa canção até uma nova e diferente vida; tudo que não fez sentido ontem pode muito bem fazer sentido hoje, por causa de uma música ao vivo em um bar.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Boas ilusões


É bom quando se acena para um passado, quando as únicas coisas que voltam são memórias calmas e inofensivas. Porém, difícil é saber a hora certa de dar tchau e ter força para tal. Imensamente confortável é manter algo que você perdeu por perto, para acalmar, aquecer e tirar a dor de perto. 
Doce ilusão essa, doce e viciante. Uma nicotina emocional, que faz refém todo aquele adepto a seguir um passado morto, tão sutil que mal se sente a dor, de ouvir o aviso de que é tudo mentira, que nada disso existe. A mesma que salva, afoga, abre ainda mais o buraco na alma daquele que se apoia em algo, onde não existem rosas, mas só espinhos.

A cada trago, uma dor. A cada dor, um trago.

Já me apoiei, e muito, nessas memórias mortas; em épocas onde o perdão para mim mesmo era impossível. Isso ajudou? Não.
Depois de um tempo me afundando nessas "boas ilusões" que vi o quanto isso acabou comigo. 
Hoje? Ainda as vejo, mas não como bóias para não afundar mais, mas como degraus, nos quais eu sempre subo e continuo indo. Mesmo quando sou pego desprevinido, mesmo que doa, não vale a pena.
O único problema do degrau, é acabar descendo, por falta de solidez.


Subindo e descendo.





-Desenho por: Hugo Wilson Barnabé-

"Show your scars."

Como seria uma foto do nosso "estado" psicológico? (pense como uma pessoa ou um objeto)
Eu estava na varanda, agora mesmo, pensando umas coisas desse tipo
A música que eu ouvia falava no refrão: "
Show your scars"
E por eu estar pensando em umas coisas relacionadas a perdas e como conseguimos continuar existindo
Desde um fim de relacionamento a uma morte
Juntou a letra da música com meus pensamentos e eu imaginei como seria uma representação de nós, internamente, após certas coisas.



Começando com uma ferida exposta e sangrenta, digamos assim, que no início não apresenta meio de cura, anestesia ou cicatrização
Daquelas que você mexe sem querer as vezes, e as vezes por querer, pra ter uma noção da dor que causa com o toque
E, queira você ou não, a dor suaviza, o
sangramento diminui o ritmo e o tamanho da ferida já não é tão grande
Quando você se lembra da ferida, após a cicatrização, a "marca" não ficou tão feia assim.
Tudo tem um início e tudo tem um fim
Os desfechos oscilam entre a dor e o alívio, só o grau de apego indica o que você vai sentir
Mesmo que o apego venha inocente e natural.
Esse é o lado das perdas em geral.


E todo aquele sentimento de conquista e euforia, misturado com felicidade e 
Molda tudo envolta da "massa psicológica"
As lembranças de tais e tais vitórias
Ajudam a dar um destaque ao todo do que somos e, certas horas, esconder as marcas
Resumindo, esse é o lado dos ganhos.


Imaginei uma massa disforme com cicatrizes, marcas e algumas pontas soltas
Como se todas essas marcas fossem tudo o que cada um passou
Eu imagino as perdas e dificuldades como essas marcas
E tudo aquilo de bom como uma atmosfera ao redor da "massa"

Estranho? Demais.

Não sei como isso me veio a cabeça
mas achei interessante
Como seria o de cada um
Com seus lados "machucados", suavizados pelas coisas boas que passaram
E como cada um conseguiu superas todas as dificuldades da vida



E quando a pessoa teve aquela vida
fudida de ruim?
Como se essa representação do psicológico dela fosse igual a uma bola de lama
Ou a um copo quebrado, algo do tipo.
Ao meu ver, essa representação daria mais "pena", por mais escroto que isso soe

Imagine você andando na rua
Só que em vez de desabrigados você veria umas coisas estranhas/quebradas/rachadas/sangrentas/ou algo do tipo
Jogadas por aí

bizarro.

Agora me veio uma outra coisa
De como seria essa "massa" de uma pessoa realizada
Porque todos passam por problemas , obstáculos e perdas
Mas mesmo assim continuam vivendo
Lembrando dessas coisas
O que cada um de nós usa como inspiração ,para continuar com a vida?
Eu tenho uma noção das minhas defesas para essas horas
Onde tudo o que é de ruim ataca e nos deixa para baixo
É essa "atmosfera" que envolve a massa, das realizações, que funcionam como defesa?
Para mim, certas horas sim
E para vocês?






A música da varanda era
Metallica - Broken Beat and Scarred
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