Meu pai, nos dias mais aleatórios possíveis, encontrava com uns amigos dele, de infância, adolescência ou pré casamento, pela rua. Sempre quando eu estava doido pra testar um jogo novo de computador ou algo do gênero. Nos domingos, depois de sair da banca com algum jogo ou revistinha, dava vontade de ir andando pra casa, coisa impossível na época, porque eu mal sabia me localizar na cidade, mas tudo bem.
Já cheguei a contar duas horas de conversa entre meu pai e mais alguém, no caminho pra casa.
Como eu era egoísta, puta merda.
Imagine você, com seu filho pequeno (ou alguém que se irrite fácil por não chegar em casa logo), e um grande amigo seu de infância aparece na rua. Impossível que você fique menos de meia-hora pra ouvir e contar as coisas que tem acontecido, coisa de no mínimo 10 anos sem se falar. E uma boa conversa nunca acaba.
Já encontrei amigos de menos tempo e passei mais de uma hora conversando.
E as festas? Todas chatas demais, com os pais conversando e bebendo, e você lá comendo qualquer coisinha, entendendo absolutamente nada do que eles estão falando e impressionados com a quantidade de informação, tirando a velocidade de como eles mudavam de assunto. Como riam demais de coisas que não entendíamos nem queríamos saber, de tanto tédio.
E não é exatamente isso que fazemos, em boa parte de nossas saídas e festas? As melhores festas e as melhores noites são aquelas em que as risadas nunca acabam, a não ser em dor e/ou lágrimas, e nas conversas absurdamente boas. Claro que existem as variáveis, mas é por aí.
Certamente muitos de nós ficaremos bem parecidos com nossos pais. Os gostos podem mudar e a forma de criar os filhos, mas é praticamente certo que nossos filhos irão odiar nossas formas de diversão, a "diversão de adulto".
Só ganhando idade pra entender os velhos. Tanto os erros como os acertos.
Um "viva" aos velhos legais, como os meus pais.