sábado, 4 de dezembro de 2010

"What will you say when we ask you what are your final words?"

Cá estou eu sentado na minha varanda pensando que esse é o último mês do ano 2010, e assim que percebi isso, muitas coisas apareceram na minha cabeça como pop-ups de vírus quando você clica no "Você é o visitante numero 1.000.000 e temos um prêmio para você!".

E isso está na minha cabeça tem duas semanas e alguma coisa, e sempre me pega desprotegido.
Hoje eu fiquei pensando nisso, e pensei numa coisa que lembro de já ter pensado sobre, que é o tempo que temos por aqui.

Por exemplo, como eu vou ter tempo para ler todos os livros de uma biblioteca? Como eu vou ter tempo de ouvir todos os álbum que despertam curiosidade em mim? Como eu vou ter tempo de viajar para todos os lugares que eu quero conhecer? Como eu vou ter tempo para cultivar amores? Para experimentar as culinárias do mundo? Como eu vou ter tempo para dormir o quanto eu preciso dormir? Conhecer gente nova? Conversar com "gente velha"? Escrever o que eu sinto necessidade de compartilhar?

Esse não é um texto que eu direi no final : "se a vida lhe dá limões, faça uma limonada, ou uma caipirinha, ou venda ele pelo dobro do preço justo e fique rico", não, é um texto que diz que a sua vida vai acabar cedo, cedo demais, e você vai se arrepender de muitas coisas no fim.

Nada aconteceu, eu não quase morri e vi minha vida passar pelos meus olhos, flashing before my eyes. ;-eu estou no quarto copo de Chivas, e esse pensamento tá acabando comigo.

Alguns diriam que se eu comece apropriadamente e fizesse exercícios regularmente eu teria uma vida mais duradoura. Mentira.
Nada que eu fizer ou deixar de fazer vai anular a probabilidade da minha vida acabar daqui a 5 minutos, ou 5 dias, ou 5 anos, ou 5 décadas.
Essa é a questão, do quão bravos ou estúpidos temos que ser para continuar a viver numa boa e tentar fazer o que queremos fazer. Porque TEMOS que ser um deles.

Minha boca fica seca e meu apetite some sempre que eu penso nisso, e claro, a vontade de beber aumenta, bastante.


-sexto copo-


Essas horas eu vejo a vida como um conjunto de privações que nos define, e não realizações. Porque essas realizações só foram possíveis pela negligência e abandono de outras.
Porque eu aposto com qualquer um que todos nós deixamos de fazer algo que queríamos para fazer outra coisa, sempre.
Essa espiral acaba comigo.

Alguns também diriam "Você deixou de fazer aquelas porque as outras eram melhores", se eu ouvir algo assim, ficarei em silêncio para poupar ouvidos de palavras não muito gentis.

Eu sei que quando tiver mais idade eu direi que sou uma pessoa satisfeita com o que eu fiz e deixei de fazer, e eu sei que será uma mentira. Sei que direi que eu fiz o possível, e sei que será mais uma mentira. E também sei que direi que naquelas circunstâncias eu não pude fazer mais, mais uma mentira.

Somos assim, cobrimos nossos erros com acertos, nossas perdas com ganhos, e nossa tristeza natural com felicidade forçada.

Estou começando a aceitar o fato de ser incompleto é o jeito de continuar sem se enganar. E que o resto é o que nos resta.

O que nos restará a dizer, assim que perguntarem como é a nossa vida?
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